Está
certo afirmar que currículo vazio não pára em pé. Também é correto dizer que o
mundo globalizado acabou com a arrogância de quem buscava as melhores
colocações apenas com o currículo embaixo do braço, acreditando na auto-suficiência
eterna.
Na era da revolução da informação, nada dá mais
status que o conhecimento. No entanto, este se torna prontamente obsoleto,
fazendo com que o ciclo de aprendizado do ser humano seja contínuo e
ininterrupto.
Mas todo esse discurso torna-se uma contradição no
meio corporativo. É claramente perceptível o apego exagerado aos conhecimentos
técnicos observados por um profissional num processo seletivo, em contrapartida
às competências comportamentais. Apesar das facilidades ora existentes de
aprimoramento constante, os selecionadores de pessoas se encantam com um
currículo recheado de saberes, como se estes se bastassem.
Muitas empresas reclamam de não encontrar no
mercado profissionais que dominem suas tecnologias – muitas vezes, tão
específicas e únicas – e deixam de usar sua expertise para formar mão de obra
para a perpetuação do negócio. Esse é o perfil negligenciado das organizações
que aprendem.
Então, o inevitável acontece: contrata-se pelo
técnico, e em curto espaço de tempo, demite-se por comportamentos incompatíveis
com o negócio, com a missão, com a visão e com os valores corporativos. Demitir
custa caro e esse desperdício pode ser evitado.
Formar tecnicamente profissionais parece não ser
uma tarefa complicada. Aliás, quando as pessoas são treinadas no técnico, o
retorno sobre o investimento é quase imediato. O problema, que pode ser
transformado em oportunidade, dependendo da mentalidade que a empresa tem
diante de suas fragilidades, está na aquisição de novos comportamentos. Estes
estão fortemente ligados a atitudes e aos valores pessoais, ambos não vistos a
olhos nus. Pena que as mudanças ainda ocorram a duras penas, de forma a impedir
que a empresa alce vôo em condições de obter mais sucesso antes do declive.
Quer caminhar com mais naturalidade, com menos
estresse (ou no mínimo um estresse mais saudável) e maior proatividade?
Contrate por valores! Defenda os valores essenciais da sua organização
selecionando e retendo os seus melhores talentos.
Tenho observado o grau de humanização descrita na
missão e visão das empresas no mercado nacional. Quando analiso, mesmo que
superficialmente, se o discurso é congruente com a prática, me deparo com um
distanciamento enorme entre o que os dirigentes dizem acreditar e o que
claramente as suas ações comunicam. Valores não são apenas palavras. Valores
devem orientar o comportamento da sua equipe. Valores dão sentido e canalizam
esforços para que as vitórias sejam coletivas. Pessoas que se orgulham do local
onde trabalham percebem uma nítida convergência entre seus valores pessoais e
os valores organizacionais.
Se você ainda enxerga a existência de uma lacuna
entre o obtido e o desejado, e percebe na sua equipe uma ausência de
proatividade, de iniciativa, de visão para antecipar-se aos problemas, de
comprometimento, está na hora de rever os valores da sua corporação,
clarificando-os e transformando-os em comportamentos observáveis e, claro,
incorruptíveis. Destile e transmita seus valores organizacionais a começar pela
sua liderança. Brade-os entusiasticamente a cada reunião, a cada encontro, no
dia a dia. Reconheça, comemore publicamente e recompense pessoas que apresentam
as atitudes que enalteçam seus valores essenciais.
Provoque conexões entre as suas estratégias empresariais
e a gestão de suas pessoas. Transmita confiança garantindo que o seu discurso
está em perfeita comunhão com a prática. Eduque as suas pessoas! Educar é um
processo que lhe traz resultados garantidos. Treine o técnico. Eduque
comportamentos! É a melhor forma de disseminar ao mercado sua marca, seu
legado!
Como você quer ser visto e lembrado amanhã? Que tal
começar pensar desde já? Garanto que as competências técnicas da sua empresa
serão insuficientes para mantê-lo vivo.
Por:
Marcia Vespa